7 de maio de 2011

Conversa no Pé da árvore


<><> <><> <><>

Quem nunca sentou em baixo de um árvore, em um parque, praça, sítio ou mesmo na rua pra fazer a sesta após o almoço.
No meu caso o meu pé da árvore ficava no quintal da casa da minha avó, na cidade de Lucélia, onde fica Lucélia? Perto de Marília, (google maps).
Era um lugar onde podia sonhar, fazer minhas artes e conversar com amigos imaginários, tudo acontecia num ar de ingenuidade e descobertas, o pé de manga o qual eu ficava era vizinho crudadinho da goiabeira, o que deixava uma enorme sombra com pequenos buracos por onde o sol se apresentava mostrando toda sua pompa de majestade, e força ao envolver as frutas no pé e deixa-las com ar saudável prontas para serem deliciosamente apreciadas.
No entanto como qualquer pérola e jóia rara, as melhores frutas estavam muito perto dos anjos, onde tenho certeza que eles se fartavam com tanta iguaria, para mim era quase impossível alcança-las.

Ficava por horas vendo os passarinhos com tranquilidade saboreando as deliciosas mangas e goiabas, tão pequenos mais com um apetite de dar inveja, era inveja que sentia de tal bichinhos aparentemente tão frágeis, nada podia fazer, se ao menos eu soubesse falar a língua dos pássaros poderia pedir para compartilhar de seu banquete.
Ahhh!!! Mais a cabeça de uma criança funciona rápido, meus olhos fintaram todos os galhos e troncos da mangueira e goiabeira, como um mapa fui traçando o caminho que teria de percorrer até poder chegar ao topo e conseguir meu troféu, que teria possivelmente de dividir com os passarinhos.
Logo dei inicio ao meu plano, subi pelo pé de goiaba e fui tronco a tronco até passar para o pé de manga, no meio do caminho como em um deserto parava para saborear goiabas, imagina que muitas delas já estavam habitadas por pequenas larvas de goiaba, na primeira dentada eu podia vê-la como uma dançarina da dança do ventre ela se mexia, não tenha duvidas, eu retirei a tal estrela do palco e com a segunda dentada saboreava a goiaba docinha, sem culpa seguia o mapa até o mais precioso dos tesouros, a grande manga aquela que o sol abençoava com sua luz.
Quando distraida olhei para baixo, pude perceber o quanto eu estava alto, bateu um medo, e ainda faltava alguns galhos para poder chegar a minha manga, brilhava.
Continuei minha saga, rezando para que os passarinhos estivessem satisfeitos e permitisse que eu saborea-se tal iguaria.
Quando lá embaixo escuto minha ávo, Cristinaaaaaaaaaaaaaaaaaa, menina onde você está, aparece pra toma banho, anda moleca.
E agora!!! se eu não responder ela vai ficar brava, se eu responder ela vai ficar brava da mesma forma, to sem saída, logo respondo, ela sem saber direito de onde vem o : To aqui vóoooooooooo.
Quando ela embaixo do pé de manga olhou para para cima, gritou, a ponto de assustar os meus amiguinhos, se não fosse da maneira que aconteceu o afugentar, eu iria adorar pois esta livre o caminho para minha colheita, sem saber o que fazer se continuava minha saga, ou se voltava com minhas mãos vazias e a boca minando de agua da vontade de saborear a manga.
Assustada dei uma caminhadinha até o galho vizinho tentando despistar minha avó, já vou já vou!!
Quando estava com os dedos tocando a minha manga, mais um grito, precisava ter os dedos maiores ou melhor precisava ter um braço maior, faltava pouco mais uma vez, foi então que vi a manga balançar balançar, e cair, quase na cabeça de minha avó. lá de cima olhava minha manga rolando pelo chão de terra batida e seca.
Sabia que o que me esperava era uma pisa de chinela na bunda molhada, desci rapidamente.
Com um cara de pau, cabeça baixa e olhar no alto, aguardando o puxam de orelha, já pronunciava o aí ta doendo antes mesmo de ser erguida pela orelha.
No entanto o meu desejo pela manga era maior do que qualquer pisa, rapidamente corri até o encontro da minha manga, parecia perfeita, quando viro pude ver o ferimento do tombo, esmagada, olhei para minha vó, não sei como aconteceu, mais ela olhou e entendeu o quanto para mim foi importante aquela conquista.
Levei uma pisa sim, chinelada na bunda molhada, mais saboreei o que sobrou do meu tesouro.
Dessa forma segui minha vida, com determinação e coragem sabendo que teria de pagar por minhas escolhas.

Nenhum comentário: