17 de agosto de 2011

Crohn. Coisa da sua cabeça




Coisa da sua cabeça.

Ao pesquisar no Google a palavra Crohn terão aproximadamente 17.200.000, sem contar que pode colocar, Doença de Crohn, tratamento de Doença Crohn, e por aí a fora, os resultados continuaram enormes.
Se você foi diagnosticada(o), com Doença de crohn, como eu, que tenho o diagnostico a 20 anos, acabamos tendo algumas reações iguais.
Saímos do consultório, após o diagnostico, sem entender muito e acreditando que tudo passará e que as férias no próximo verão será no melhor lugar onde poderemos desfrutar do melhor que a vida puder nos oferecer.
O curioso a primeira coisa que faz ao sair do consultório e entrar na primeira Lan house, debruçar-se sobre a maquina (computador), que passa a ser o seu melhor orientador.
Não sei exatamente, se isso e melhor ou pior, de qualquer forma ao diagnosticar a doença de crohn, somos bombardeados com informações, tudo fica mais difícil, os sintomas na sua grande maioria já estão maltratando nosso corpo.
Saborear aquela lasanha no final de semana com a família. Esplendido!!
No entanto o banheiro passa a ser protagonista na nossa vida.
No inicio a família não compreende o que esta acontecendo. Passamos  ser alvo dos mais variados antídotos; toma isso, aquilo.
Tenho uma passagem na minha vida vou relatar de forma sucinta, lua de mel, em um lugarzinho maravilhoso, livre para amar sem ter a necessidade de esconder, passeio pela cidade de Parati, caminhando vagarosamente pelas pedras pé-de-moleque. Olhar as construções e tentar decifrar sua história. 
No entanto o meu pensamento acompanha uma dor na barriga a sensação de desespero, suor frio, fecho as mãos em posição de luta. Luta para tentar controlar a dor e a vontade de evacuar, por alguns momentos deixo de enxergar, a única maneira de aliviar toda essa loucura e um banheiro seja ele qual for nesse momento deixei todo meu princípio de higiene para trás, e somente após evacuar e ter a dor na barriga diminuída pude perceber o lugar que estava, um banheiro de quiosque, minúsculo, sem água, o cheiro insuportável. E piorou após eu ter usado.
A dor continuou após o retorno da lua de mel, acompanhada de diarréia e vomito. Como pode ver, a lua de mel foi para marte.
A voltar para vida, realidade. 
Pude perceber que não estava mais normal, a dor me acompanhava, durante e após o café da manhã, indo para o trabalho, por varias vezes tive de pedir socorro. As vezes o desespero era tamanho para evacuar, que até em residências eu parava, algumas as portas foram fechadas, e a merda escorrendo quente e mal cheirosa pelas pernas. “Duro essa forma de relatar o inicio de uma grande luta.”
Depois de ter cagado muito, e já esta prestes a fazer parte do acervo de esqueleto de qualquer universidade, de ter escutado vários absurdos, como:
“Isso e frescura de jovem, vai arrumar o que fazer, que passa.” (ouvi de um médico).
“E verme” (tomei um remédio que me deu uma diarréia ).
Suspeita de AIDS. (já que os sintomas eram parecidos, e naquele momento o Brasil passava por uma situação delicada com o aumento de pessoas soro positiva, testes com coquetel.
Enfim depois de um ano angustiante, doloroso fisicamente, psicologicamente, vendo meu casamento desmoronar, veio o primeiro diagnostico de Reta colite ulcerativa.
Como falei no inicio a respeito da reação que acabamos tendo, eu sai do consultório acreditando que logo eu estaria curada, perfeita.
1993 Richard Roberts foi agraciado com o Nobel de Fisiologia/Medicina, pela descoberta da existência de segmento do acido desosirribonucleico que não tem função codificadora na elaboração de uma determinada proteína.
Tudo bem. Mais eu com isso!! Acabava de descobrir que tinha uma doença sem cura, queria mais que o mundo explodisse e que alguém trouxesse uma solução para o que eu estava vivendo.
Na época não tinha acesso a internet, nem conhecia pessoas que tinham a mesma doença. Tantas dúvidas, sobre como essa doença iria afetar a minha vida.
Será que poderei trabalhar viajar?
Terei de fazer uma dieta especial?
A medicação e seus efeitos colaterais. Como será?
E minha vida social e afetiva?
Percebi que deveria saber tudo sobre a doença, para dessa forma ter o comando, “Conhecer seu inimigo, para saber como  combate - lo”. Este é o meu lema.

Eu Volto!!!






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